Alerta Ignorado: Falha no Sistema de Degelo da Voepass Pode Ter Causado Acidente Fatal
Uma reportagem exclusiva do G1 revelou que um piloto da Voepass alertou informalmente sobre uma falha no sistema de degelo do avião que caiu em Vinhedo (SP) em agosto de 2024, resultando na trágica morte de 62 pessoas. O alerta, feito na véspera do acidente, não foi registrado no diário de bordo, o que pode ter contribuído para a liberação da aeronave para o voo fatal.
Segundo o depoimento de um ex-funcionário da Voepass, o piloto que voou na madrugada anterior ao desastre comunicou verbalmente à equipe de manutenção que o sistema de degelo do ATR 72-500 apresentava falhas. Aparentemente, o sistema desarmava sozinho durante o voo, indicando um problema que deveria ter impedido a decolagem subsequente. No entanto, a falta de registro formal da falha no diário de bordo técnico (TLB) fez com que a liderança do hangar ignorasse o problema.
A cronologia dos eventos no dia do acidente, apurada pelo G1, revela que o avião partiu de Guarulhos, pousou em Ribeirão Preto, onde o problema foi relatado verbalmente, passou por manutenção básica sem a devida investigação da falha e seguiu para os voos seguintes até a queda em Vinhedo. A caixa-preta do avião confirmou que o botão de degelo foi acionado três vezes durante o voo, mas o sistema não funcionou.
O ex-funcionário também relatou uma forte pressão interna na Voepass para evitar que aeronaves ficassem paradas para manutenção, o que levava a equipes reduzidas, manutenções adiadas e ao uso frequente do procedimento de ação corretiva retardada (ACR) para postergar reparos, mesmo com falhas conhecidas.
Voepass Se Defende e Anac Investiga
Procurada pelo G1, a Voepass não comentou o depoimento do antigo funcionário, mas destacou que colabora com as investigações em andamento. A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) informou que o trabalho de apuração segue o rito normal.
Este caso levanta sérias questões sobre os protocolos de segurança da Voepass e a pressão para manter as aeronaves em operação a qualquer custo. As investigações em curso deverão esclarecer se a falha ignorada no sistema de degelo foi um fator determinante para a tragédia e se houve negligência por parte da companhia aérea.